segunda-feira, 22 de março de 2010

Violência na Comunidade Escolar


A problemática da violência na comunidade escolar tem vindo a aumentar tornando-se assim num fenómeno preocupante. O Bullying, como é designado este tipo de violência, é um termo proveniente do inglês, é referida como um acto de brutalidade, física e/ou psíquica e caracteriza relações interpessoais descritas como opressão, intimidação, medo e terror.

Existem diferentes formas de manifestação de Bullying, isto é, verbal, como o chamar nomes, ser sarcástico, lançar calúnias ou gozar com alguma característica particulares do outro, como por exemplo, chamar-lhe “gordo”, “caixa de óculos”…; físico, como puxar, pontapear, bater, beliscar ou outro tipo de violência física, emocional, isto é, excluir das relações sociais, atormentar, ameaçar, manipular, amedrontar, chantagear, ridicularizar, ignorar, ser racista: toda a ofensa que resulte da cor da pele, de diferenças culturais, étnicas ou religiosas. Temos ainda, o cyberbullying, que consiste em utilizar tecnologias de informação e comunicação (internet ou telemóvel) para hostilizar, deliberada e repetidamente, uma pessoa, com o intuito de a magoar.
As vítimas em geral são mais frágeis fisicamente e às vezes têm uma aparência física desvalorizada socialmente. As vítimas são, por exemplo, os gordos, as pessoas pertencentes às minorias étnicas ou as que possuem alguma deficiência física ou mental. Em geral, aparentam insegurança e apresentam uma atitude submissa. As suas reacções são pouco assertivas com tendência a reagir chorando e com o abandono da situação. Apresentam ainda, uma baixa auto-estima, baixa autoconfiança e uma auto-imagem negativa. Têm poucas relações com os seus companheiros, isolam-se, são pouco respeitadas e impopulares.

Quando nos perguntamos que factores poderão estar por detrás de determinados comportamentos de violência, poderemos pensar, em termos globais, em factores como: falta de valores éticos e morais, modelos sociais violentos, procura do prazer imediato, vazio de expectativas, falta de competências de relacionamento interpessoal, ou pela necessidade de reconhecimento no grupo de pares.
A própria sociedade incentiva ao consumo da violência. Um exemplo disso é a sua representação através dos media. Estes transmitem-nos constantemente a ideia de que a violência é algo aceitável e trivial que faz parte da cultura moderna. A televisão tem o poder de influenciar o comportamento dos indivíduos, ainda mais das crianças que reproduzem o que vêem. Os pais, na tentativa de protegerem os filhos dos perigos das ruas, instalam lhes computadores com acesso à internet e televisão no seus quartos e ficam tranquilos, pensando que estes estão seguros por estarem dentro de casa, esquecendo-se de que na maior parte das vezes o perigo está ao alcance de um clic. Existem psicólogos que defendem que o quarto dos jovens deve ser apenas o espaço para dormir, pois o computador e a televisão devem estar num espaço comum da casa e visível e os pais devem de acompanhar o que os filhos vêem e devem acompanhá-los na sua formação cívica e social, para que estes se tornem melhores homens e mulheres amanhã.
Há estudos que evidenciam os agressores como sendo fisicamente mais fortes, e reagindo com maior agressividade, são provocadores, apresentam uma tendência para a hiperatividade, manifestam pouca empatia com os outros, mostrando-se muitas vezes satisfeitos com o sofrimento que provocam. São egocêntricos, hedonistas e têm uma auto-estima defensiva alta. Mantêm uma relação insatisfatória e hostil com a escola, pois não gostam dela e nem dos professores. No entanto, são populares especialmente dentro do seu grupo.

Esta forma de agressão, designada por “bullying”, muitas vezes, pode levar ao suicídio, surge na escola e tem uma grande intensidade entre crianças e jovens, de ambos os sexos, entre os onze e os dezasseis anos. Torna-se importante, penalizar estes jovens que exercem agressividade contra outros, dando-lhes castigos em que desenvolvam trabalho comunitário ou mesmo voluntariado em diferentes associações de carácter social e cívico, onde possam aprender a respeitar o seu semelhante, criando laços afectivos e empáticos. Torna-se ainda pertinente o apoio psicológico tanto aos agressores como às vítimas de “bullying”. Esta semana na visão de 11 de Março, foi referido que “os miúdos, passam a maior parte do tempo sozinhos nos intervalos”, aponta-se como umas das medidas para combater o problema de bullying na comunidade escolar, a “criação de espaços na escola para a promoção da convivência saudável entre todos”, mas para isso, faltam equipas multidisciplinares.

É importante a permanência dos jovens em grupos, como por exemplo grupos de escuteiros, entre outros, a fim de lhes serem dados alguns valores éticos e morais, onde possam partilhar com os outros experiências de vida, e emoções, onde lhes seja dada a oportunidade para criarem laços afectivos e empáticos com os seus pares. Torna-se ainda, fundamental o incentivo ao diálogo e à criação de espaços de tertúlia e reflexão sobre este flagelo da nossa sociedade. Uma questão invade-me a alma, perante este panorama, como é possível existirem tantos técnicos, psicólogos e sociólogos no desemprego? Porque não se constituem equipas multidisciplinares na comunidade escolar e até, na própria sociedade, para se trabalhar com estes jovens a questão da violência.

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